O Governo irlandês anuncia o mandato da Comissão de Investigação sobre o tratamento de casos de abuso sexual de crianças nas escolas
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Por Enda McGarrity
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O Governo irlandês anuncia os termos de referência para a Comissão de Investigação sobre a forma como são tratados os casos de abuso sexual de crianças nas escolas

O Inquérito de Definição de Âmbito sobre alegações de abuso sexual em escolas geridas por ordens religiosas, publicado em 2024, concluiu que existiam 2395 alegações de abuso sexual relativamente a 308 escolas geridas por ordens religiosas. Estas alegações foram feitas em relação a 884 alegados abusadores distintos entre 1927 e 2013. Na sequência do inquérito, o Governo aprovou a criação de uma Comissão de Investigação sobre alegações de abuso sexual, que será presidida pelo juiz Michael McGrath.

Mais recentemente, o Governo publicou os Termos de Referência da futura Comissão de Investigação, que descrevem os pormenores da investigação. Estes podem ser lidos na íntegra aqui: Terms_of_Reference_for_the_Commission.pdf

Investigação

A Comissão vai investigar:

  1. O facto de não terem sido tratados os casos de abuso sexual de crianças de uma forma que protegesse adequadamente as crianças

  2. As causas e a responsabilidade por esses insucessos

  3. O tratamento dado pela An Garda Síochána, pelo Health Service Executive (ou pelas organizações sucessoras e predecessoras relevantes) e pelo Department of Education aos casos de abuso sexual de crianças que lhes são comunicados.

A Comissão deve apresentar um relatório ao Ministro da Educação e da Juventude sobre a) o impacto dos abusos sexuais nos sobreviventes e b) as lições a retirar para o futuro em matéria de proteção das crianças.

Âmbito de aplicação e abordagem da Comissão

A investigação da falta de tratamento adequado de um caso de abuso sexual de crianças incluirá circunstâncias em que as acções tomadas, ou não tomadas, resultaram em

  1. A incapacidade de prevenir os danos causados às crianças

  2. A não comunicação de tais preocupações à autoridade competente

  3. A ocultação do abuso sexual de crianças

Ao avaliar a adequação do tratamento dado ao caso de abuso sexual de crianças, a comissão deve ter em conta uma série de considerações relevantes.

A Comissão dispõe de cinco anos para concluir a sua investigação. Tendo em conta a dimensão da questão, adoptará uma abordagem de amostragem intencional para selecionar casos preocupantes de abuso sexual de crianças.

Envolvimento do sobrevivente

A investigação será centrada no sobrevivente e dará a oportunidade aos sobreviventes de se apresentarem e partilharem as suas histórias numa base confidencial. Será criado um Programa de Envolvimento dos Sobreviventes para ouvir os relatos anónimos dos sobreviventes sobre o impacto do abuso sexual de que foram vítimas nas escolas.

Este processo será, aparentemente, de natureza não-adversarial e não-jurídica. Será fornecido ao presidente da Comissão um relatório de síntese anónimo que reflectirá o impacto das experiências dos sobreviventes. Isto sugere que as oportunidades de testemunhar diretamente perante o presidente do inquérito serão extremamente limitadas.

O que é que isto significa para os sobreviventes?

Na sequência do anúncio de uma Comissão de Inquérito, o Governo ainda não forneceu mais pormenores sobre o Regime de Reparação Financeira ou sobre a forma como qualquer regime futuro será financiado. A clarificação destas questões é essencial para garantir a responsabilização.

Infelizmente, muitos sobreviventes de abusos na Irlanda, que representamos, viram as suas hipóteses de obter respostas através dos tribunais serem anuladas nos últimos anos devido a prazos de prescrição proibitivos que impedem os sobreviventes de intentar acções legais por abusos que foram perpetrados décadas antes.

A próxima Comissão de Inquérito oferece a esses sobreviventes a oportunidade de fazerem ouvir as suas vozes e de obterem um certo grau de conclusão através de uma investigação abrangente e transparente destas questões.

Paralelamente, o Governo deve criar rapidamente um sistema de reparação, com contribuições financeiras das ordens religiosas envolvidas.

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