Telemedicina e negligência médica -Navegando os novos desafios jurídicos
A introdução da telemedicina terá revolucionado o panorama dos cuidados de saúde.
Durante a COVID-19 e durante o confinamento, os doentes não puderam comparecer a consultas presenciais com o seu médico de família. Em vez disso, foram marcadas consultas de triagem por telefone e introduzido o que hoje conhecemos como telemedicina.
Embora este facto seja benéfico, também apresenta muitos desafios.
1. Relação médico-doente
A introdução da telemedicina altera a dinâmica da consulta tradicional médico-doente, uma vez que esta se processa sem contacto direto face a face. Trata-se de uma mudança fundamental que coloca desafios ao médico e ao doente. Determinar se o médico cumpriu o padrão de cuidados exigido pode tornar-se difícil quando se avalia o conteúdo gravado das consultas de telemedicina à distância com os doentes.
2. Precisão do diagnóstico
Embora a telemedicina permita consultas à distância com os doentes, pode criar problemas tanto para o médico como para o doente em termos da exatidão da avaliação. Os factores que desempenham um papel na exatidão da avaliação de um doente podem incluir a qualidade do vídeo durante as consultas à distância, problemas de conetividade ou de Internet e a incapacidade de examinar fisicamente um doente. Quando surgem queixas relacionadas com a telemedicina, é importante que os profissionais da área jurídica analisem cuidadosamente se as acções do médico, com base na informação disponível, cumpriram o padrão de cuidados que devem ter com os seus doentes.
3. Consentimento informado
O consentimento informado é um aspeto fundamental no tratamento médico. No entanto, com a telemedicina, pode ser difícil verificar se o doente compreende plenamente os riscos, benefícios e limitações envolvidos. É também um desafio para o médico responsável pelo tratamento obter o consentimento informado, uma vez que não existe interação presencial. É importante que os médicos implementem e sigam procedimentos para obter o consentimento informado e é igualmente importante que esta informação seja registada com exatidão.
4. Cibersegurança e proteção de dados
A telemedicina permite que os doentes acedam a tratamentos médicos a partir de qualquer lugar, mas esta prestação de serviços em toda a jurisdição coloca desafios em termos de proteção de dados e cibersegurança. É crucial que sejam implementadas salvaguardas adequadas para proteger os dados e as informações dos doentes contra eventuais violações. Se não o fizerem, podem ser apresentadas queixas por negligência e expor os prestadores de cuidados de saúde a queixas relativas à proteção de dados.
5. Documentação
É fundamental manter notas exactas e completas de uma consulta de telemedicina. Os médicos e os profissionais de saúde associados devem registar cuidadosamente o historial do paciente, os sintomas, os diagnósticos, os planos de tratamento e as prescrições, bem como qualquer outra informação que considerem relevante. Este processo não é apenas um exercício de diligência devida, mas também pode servir como prova em caso de reclamação por negligência médica.
Em conclusão, a telemedicina pode, quando corretamente utilizada, criar vantagens para os profissionais de saúde e comodidade para os doentes. No entanto, a telemedicina cria muitos desafios. É importante que os clínicos responsáveis pelo tratamento e os profissionais de saúde associados trabalhem em conjunto para mitigar os riscos associados à telemedicina e garantir que a segurança dos doentes seja uma prioridade.
Se pensa que foi afetado negativamente por uma consulta de telemedicina ou por uma prescrição incorrecta, entre em contacto com a nossa equipa de Negligência Médica aqui na P.A. Duffy Solicitors, que terá todo o prazer em discutir melhor as suas preocupações.